Empregado tem direito ao FGTS durante afastamento por doença ocupacional

Auxílio-doença não foi concedido pelo INSS, mas confirmou-se que a atividade realizada na empresa causou o problema   

Uma empresa metalúrgica, de Capivari (SP), foi condenada pela Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) a efetuar os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) referentes ao período de afastamento de um auxiliar de almoxarife por doença ocupacional. Embora o auxílio-doença não tenha sido concedido pelo INSS, foi reconhecida que a atividade realizada por ele na empresa causou a doença que motivou o afastamento.

Na reclamação trabalhista, o empregado afirmou que, devido à carga excessiva de trabalho e aos movimentos que realizava diariamente no trabalho, passou a sentir fortes dores na coluna e foi diagnosticado com hérnia de disco. A empresa, porém, não emitiu a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), o que teria impedido o recebimento do auxílio-doença. Ele pedia, por isso, a reparação por danos morais e os depósitos do FGTS relativos ao período de afastamento.

Agravamento
A relatora do recurso de revista do empregado, ministra Delaíde Miranda Arantes, ressaltou que perícia demonstrou relação entre a doença e o trabalho. De acordo com o laudo, embora o auxiliar sofresse de doença degenerativa na coluna lombar as atividades teriam contribuído para o agravamento do quadro.

Segundo a relatora, a legislação que rege o FGTS considera devido o recolhimento quando o afastamento do empregado se dá em decorrência de acidente de trabalho ou de doença ocupacional equiparada a ele.

“No caso, ainda que não tenha sido concedido o benefício por doença do trabalho pelo INSS, ficou demonstrado, com a produção da prova técnica, o nexo causal existente entre as atividades realizadas e a doença”, assinalou. “Logo, são devidos os depósitos do FGTS”.

Dores na coluna
O juízo de primeiro grau julgou procedentes os pedidos, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP), com base na conclusão do laudo pericial de que a doença era degenerativa, considerou que os afastamentos não haviam sido motivados por patologia equiparada ao acidente de trabalho. Assim, excluiu os depósitos do FGTS da condenação.