A luta do Sindimoc e os argumentos da prefeitura para a retirada dos cobradores

Sindimoc prova que argumentos para retirar cobradores são falsos

Não é de hoje que o Sindimoc acompanha a situação dos cobradores de perto, tentando evitar que pais e mães de família sejam desempregados por mudanças desconexas.

Na semana passada, quando a Prefeitura de Curitiba encaminhou à Câmara de Vereadores um projeto de lei, que tem por objetivo a extinção dos cobradores, o Sindimoc já havia se preparado para desconstruir os argumentos incondizentes com a nossa realidade, mas que o prefeito Rafael Greca insiste em fazer uso.

De prontidão, o Sindimoc se posicionou através de uma Nota Oficial no site. Os veículos locais noticiaram a nossa luta de imediato, entre eles: Bem Paraná, CBN Curitiba, G1 Paraná, Gazeta do Povo, Jornal do Ônibus, Metrô Jornal, Paraná Portal e Tribuna do Paraná.

Na manhã desta terça-feira (30), o presidente Anderson Teixeira concedeu uma entrevista à RPC TV, filial da Globo no Paraná. Nela, disse que não é contra a capacitação dos profissionais do transporte público, mas sim contra as demissões em massa.

É importante ressaltar que se está sendo noticiado nos jornais, é porque existe interesse da população nisso. Não é apenas uma briga do sindicato e da sua categoria, mas de toda a população que vê o desemprego batendo na sua porta – o projeto de lei tem a intenção de agravar ainda mais esse cenário.

No último dia 30 ainda, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o desemprego ainda atinge 12,5 milhões de brasileiros. Não deixaremos que a nossa categoria seja inserida nesse contexto, temos noção da responsabilidade desse sindicato e vamos lutar pelos cobradores. 

 

VIOLÊNCIA NO TRANSPORTE PÚBLICO

Uma das justificativas utilizadas pelo projeto de lei, é que o transporte coletivo é alvo de muitos arrastões. E, que a medida, diminuiria de certa forma esses índices. O sindicato pode afirmar que isso não ocorrerá, porque não se trata do problema de uma profissão, mas de toda população da Grande Curitiba.

Mais do que isso, o serviço de Segurança do Sindimoc trabalha diariamente acompanhando a situação. Além de registrar ocorrências junto aos órgãos responsáveis para que operações sejam realizadas e essas ações, coibidas. Felizmente, os órgãos de segurança pública têm correspondido aos pedidos.

Os números ainda são altos, mas é com muito trabalho que serão reduzidos – não fazendo o oposto, tirando o emprego dos cobradores. É preciso entender que um trabalho ágil, nem sempre quer dizer um trabalho efetivo – existem consequências para isso.

É o caso da situação dos cobradores em Rio Branco, no Acre. Ainda que sem eles, o índice de violência no transporte coletivo continua altíssimo. Como foi noticiado essa semana, o caso de um grupo de assaltantes que invadiu o ônibus, rendeu os passageiros e obrigou o motorista a dirigir até determinado local.

O Acre é ainda o segundo estado com maior taxa de mortes violentas do país, Rio Branco está entre as cidades que respondem 50% dos homicídios mais agressivos. Nesse município, a população ainda se reuniu pedindo a volta dos cobradores, o que não foi atendido pelos vereadores. Demonstrando que sim, esse é um caminho sem volta. Por isso, a hora de lutar é agora!

A situação também se estende para Goiânia, que da mesma forma já não possui mais cobradores, mas tem sofrido com uma onda de arrastões, onde a criminalidade tomou conta. Enquanto isso, o noticiário mostra que a situação de violência também permanece na Grande Belo Horizonte, ainda que as empresas descumpram a lei da exigência de cobradores no transporte coletivo.

E se repete em várias partes do Brasil. Reunimos matérias para citar algumas cidades:

CAMPO GRANDE - NÃO TEM COBRADOR DESDE 2010

Assaltantes fazem arrastão em ônibus e roubam mais de 10 passageiros - https://goo.gl/RC2fFv

JOINVILLE - SEM COBRADOR DESDE 2001

Ônibus do transporte coletivo é assaltado em Joinville - https://goo.gl/R14cqU

CAMPINAS - MOTORISTA EXERCE DUPLA FUNÇÃO (uma das passagens mais caras do País)

Adolescente é mantida refém em assalto a ônibus em Campinas - https://goo.gl/Gm5AX3

PALMAS - NÃO TEM COBRADOR

Moradores de Palmas enfrentam onda de assaltos - https://goo.gl/KPC6u1

CUIABÁ - NÃO TEM COBRADOR

Usuários do transporte coletivo de Cuiabá pedem ajuda até a ''Deus'' por melhorias - https://goo.gl/wNRLtJ

BELO HORIZONTE - COBRADORES RETIRADOS PARCIALMENTE

Passageiro é agredido com facão durante assalto a ônibus na Grande BH - https://goo.gl/SsERbX

SÃO PAULO - COBRADORES RETIRADOS PARCIALMENTE

Motoristas de ônibus mudam trajeto para fugir de assaltos na Zona Sul de São Paulo - https://goo.gl/b3JsRD

RIO DE JANEIRO - COBRADORES RETIRADOS PARCIALMENTE

Assaltantes matam dois passageiros e ferem outro em ônibus na Dutra - https://goo.gl/TDVqxX

A nossa análise é clara: o foco dos assaltantes não é o cobrador, são os usuários e estes não deixarão de carregar seus aparelhos de celular, suas carteiras e outros artigos que tornam o transporte coletivo tão atrativo para os assaltantes. O problema não está no cobrador, está na segurança pública. Ou, na falta dela.

 

PREÇO DA PASSAGEM

Não é de hoje também que criam esse tipo de proposta, sempre com o discurso de que é o melhor para a maioria. Mentira! Enquanto não abraçarmos as causas de toda a sociedade, inclusive a desse sindicato, estaremos na mão de quem só pensa em si próprio e no seu lucro.

O Sindimoc apurou que em 43 cidades do Brasil em que o cobrador foi retirado, as tarifas não diminuíram. Inclusive, a primeira cidade brasileira a extinguir o cobrador, Joinville, possui uma das passagens mais caras do país. Não é coincidência, é estatística.

Ainda tendo o munícipio de Rio Branco, no Acre, como exemplo, mesmo depois da retirada dos cobradores e apesar da promessa de baratear o preço da tarifa, este ano, a tarifa aumentou. É o que notícia a mídia, a passagem passou de R$ 3,50 para R$ 4,00.

Em Goiânia, um caso atípico, o transporte coletivo não conta com a função de cobrador há 20 anos. Mais do que isso, passageiros reclamam da cobrança da tarifa de forma indevida, de forma que seus créditos eram descontados com um valor diferente do combinado. Mais do que isso, aqueles que não tinham o cartão precisavam negociar antes de entrar no transporte com alguém que possuía – é o caso de turistas, por exemplo. Em 2015, regulamentaram o possível pagamento com dinheiro, que era realizado com a dupla função do motorista de ônibus. Mesmo com a extinção do cobrador em Goiânia, a passagem não deixa de subir, como ocorreu ainda neste ano. Os passageiros também reclamam da falta de pontos de venda para a compra dos cartões e passagens, prejudicando o funcionamento do transporte coletivo.

 

DUPLA FUNÇÃO

Ainda que o projeto de lei diga que não ocorrerá dupla função, porque o intuito é a utilização somente do cartão transporte, é difícil acreditar que isso seja verdade. Como já citamos nessa matéria, Goiânia viu que essa opção, como sendo única – sem os cobradores – não funciona.

Dando um exemplo regional de toda essa situação, podemos citar Londrina, cidade do interior do Paraná. As empresas cortaram a função do cobrador, usando também como argumento a violência no transporte coletivo do município, a medida não foi a solução – como podemos averiguar nessa matéria.

Mais do que isso, a passagem do ônibus havia subido menos de um mês antes da decisão ter sido tomada. De lá para cá, nenhum reajuste foi feito, comprovando que não, o custo para o passageiro não diminui, mas os riscos sim!

Isso porque os motoristas passariam a assumir as funções dos cobradores, e querem saber mais? Sem remuneração para isso! Em Londrina, essa tese se confirma, já que o motorista que exerce a dupla função, não recebe a mais para desempenhar essas obrigações impostas pela empresa.

 

QUALIDADE DE ATENDIMENTO

Ainda que aleguem que a medida seria pensando em toda a população, os passageiros seriam também prejudicados com isso. Já que o cobrador presta informações a eles, monitora o embarque e o desembarque, funções que passariam a ser dos motoristas.

Estes que precisam estar devidamente atentos ao trânsito e ao seu trajeto, para evitar que atrasos possam acontecer. Caso os motoristas tenham que desenvolver esse trabalho, os passageiros podem ter uma certeza: a qualidade do atendimento nunca mais será a mesma.