Falta de cobradores em ônibus coloca usuários em risco

Profissionais também não teriam sido reaproveitados em outras atividades, como previsto em lei.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou audiência pública, na manhã desta quinta-feira (13/12/18), para discutir a situação dos motoristas de coletivos que atuam sem a presença de um cobrador no veículo.

Em seu requerimento pela audiência, o presidente da comissão, deputado Cristiano Silveira (PT), lembra que o fato de o motorista também ter que fazer a cobrança de algumas passagens pode acarretar sérios riscos aos usuários desse tipo de transporte coletivo.

Desde o início da retirada dos cobradores dos ônibus coletivos, em 2009, quando teve início a bilhetagem eletrônica, o assunto tem gerado polêmica e já foi, inclusive, tema de debate na Assembleia algumas vezes.

Para o ex-motorista de ônibus Jaderis Araújo, demitido em 2016, não é possível, do banco do condutor, ver todo o veículo, o que aumenta, por exemplo, os riscos de arrancar o carro antes de todos os passageiros terem embarcado ou desembarcado. As questões de segurança na direção, que ficam prejudicadas quando o motorista precisa dividir a atenção com outras funções, foram abordadas por ele.

Jaderis, que atualmente preside a Associação dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Suplementar de BH e Região, participou de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na manhã desta quinta-feira (13/12/18), para tratar da falta de cobradores e a sobrecarga de trabalho dos motoristas em ônibus que circulam na Capital.

“Infrações continuadas são passíveis de cassação de contrato. Então, por que até agora ninguém pediu essa cassação para fazermos novas licitações para o transporte público em Belo Horizonte?”, questionou.

A líder do movimento "Sem Cobrador Não Dá", Cleisiane Olímpio da Silva, também falou da importância do agente de bordo, que auxilia o condutor em várias funções. Sua retirada, segundo ela, afeta o conforto e a segurança dos usuários, além de aumentar o tempo das viagens.

Outra denúncia feita por Cleisiane é que, ao contrário do que determina a legislação, os cobradores que tiveram suas funções extintas não foram reaproveitados em outras atividades nas empresas que têm a concessão dos transportes. Ela, que atuou como agente de bordo, foi uma das demitidas.

De acordo com Jaderis Araúo, também foram dispensados os chamados despachantes, profissionais que atuavam nos pontos de controle das linhas, na fiscalização e coordenação dos fluxos, além dos cuidados com os locais utilizados pelos funcionários para uso do banheiro, por exemplo.

Cristiano Silveira citou ainda decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que explicita as diferenças entre as atividades de motoristas e cobradores, de forma que as duas atividades não poderiam ser realizadas pelo mesmo profissional.

 

Com informações de: Assembleia Legislativa de Minas Gerais